Mais um post da parceira de Xmile, Juliana Uggioni. Aproveitem! =)
“Temos um grupo de estudos, Ianderecó, que se reúne uma vez ao mês, para
discutir temas relacionados à díade educação-tecnologia. A “tarefa de casa” do
nosso último encontro foi fazermos análises de sites de jogos educativos
disponíveis no mercado.
Neste encontro, muitas observações foram levantadas por mim e minhas
colegas, como: músicas extremamente irritantes, cenários esteticamente pobres, propostas
nada desafiadoras, jogabilidade zero… O que, infelizmente, não foi surpresa para
nós, pois esses sites de jogos ditos “educativos, interativos e lúdicos”, com
uma proposta inovadora, transgressora e diferente da escola [tradicional – tão
criticada por muitos], não passam muitas vezes de meras cópias dos “livrinhos
de atividades” vendidos em bancas e mercadinhos.
Neste processo de análise, me lembrei do texto intitulado “Mas as crianças gostam! Ou, sobre gostos e repertórios musicais”, de
Luciana Esmeralda Ostetto, que
traz uma pesquisa sobre o repertório musical na educação infantil. A autora
analisou as músicas que as professoras utilizam em sala com as crianças, e
percebeu que o repertório musical era fundamentalmente Xuxa, Rouge, Tcham… E as
justificativas para a utilização deste repertório eram sempre as mesmas:
“porque as crianças gostam”. Em
contrapartida, Ostetto defende que “se
tomarmos por referência um processo educativo em que o direito a infância e à
educação infantil de qualidade estejam pautados como base e horizonte de toda
ação pedagógica, diremos que respeitar é acima de tudo comprometer-se com as
crianças, por inteiro. Significa, portanto, saber ouvir o outro, num exercício
de interlocução, buscando a compreensão do que está sendo dito em gestos,
palavras, atitudes para então colocar em relação os significados emergentes,
permitindo a reconstrução de sentidos.”
Seguindo o “conselho” de Luciana,
levei para as crianças da Escola Faria
Brito - RJ, que fazem parte da nossa pesquisa da Xmile, opinarem sobre os
sites que analisamos. Será que elas gostam? E nas palavras de Luciana: “E, se
gostam, como discutir, criticar, propor outra coisa, diferente?”
As crianças entraram nos sites e escolheram os jogos de suas preferências
e deram opinião
sobre eles. Resumo da conversa: a primeira reação foi desligar a música [aquilo
é música?!], só jogaram uma vez, perderam o interesse rapidamente, e acharam muito
fáceis e sem criatividade.
Talvez, caibam
dois alertas: nem tudo que achamos que as crianças gostam, elas realmente
gostam; e, também, para gostar, as crianças têm que ter um repertório amplo de
experiências que as permitam ter opções do que gostar ou não, e isso cabe a
nós, pais e educadores proporcionar. =)”
Valeu, Juli!
E aí, pessoal?
Vamos debater, discutir, comentar? E, depois, aguardem o próximo...
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