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SÃO TANTOS OS TEMAS IMPORTANTES E INTERESSANTES NA ÁREA... SE NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2012 PROPUS UM RECORTE EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO/ LETRAMENTO, DE SETEMBRO 2012 A FEVEREIRO 2013 A QUESTÃO FOCAL FOI A PRIMEIRA INFÂNCIA. ASSIM SENDO, A PARTIR DE ENTÃO O PAPO VAI SER OUTRO... TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO - PODE? APROVEITEM! =)



quarta-feira, 29 de maio de 2013

Como está o quadro hoje? Professor x Tecnologia ou Professor&Tecnologia…

Muitos são os textos que trazem a educação tecnológica com “salvadora” da escola (o que já problematizamos várias vezes aqui no BLOG), mas esquecem de falar sobre os principais atores desta “salvação”: os professores.

A relação entre os professores e a tecnologia – muitas vezes conflituosa, ou resistente – nos permite (re)pensarmos um pouco mais sobre as possibilidades que as formas de cooperação poderiam agregar aos processos de ensino-aprendizagem. Diuturnamente estamos em busca de novos caminhos para os velhos problemas e é verdade que a tecnologia vem sendo permanentemente apontada como “luz” neste túnel tão longo e tortuoso, uma vez que ela possibilita (ao menos, em tese) ações padronizáveis e escalonáveis. Mas também não é de hoje que vimos defendendo aqui: a tecnologia, por si só (ou qualquer outro recurso que se crie), não é o ponto “x” da questão; mas sim os possíveis usos, desusos e abusos que se venham a fazer dela.

No artigo “Tecnologia digital não pode substituir pedagogia, Vagner de Alencar ressalta que muitos estudiosos entendem que “ao mesmo tempo em que a chamada era digital democratiza a informação, ela também pode estar desprovida de objetivos formativos, colocando a informação apenas a serviço do mercado, da publicidade, do consumo”. O autor traz algumas reflexões de José Carlos Libâneo para corroborar com este debate: “penso que as características de todo bom professor precisam ser identificadas a partir de sua base pedagógica. Não são as tecnologias digitais que as definem e nem apenas as demandas da escola do futuro”. E Libâneo identifica três características essenciais para a prática do professor: ter sólido conhecimento no seu campo de atuação; saber como ensinar os conteúdos; e identificar as necessidades individuais de cada estudante. Acrescenta, então, que é a partir destas características que as tecnologias digitais podem desempenhar um papel diferenciado na prática docente, pois “elas ajudam a modificar as formas de aprender dos estudantes, seja definindo novas interações com os conteúdos, colocando os estudantes nas redes sociais, intervindo nas relações na sala de aula, entre outros”.

Este nos parece o ponto importante: da mesma forma que desejamos que as crianças brinquem ao ar livre, também queremos que elas tenham histórias interativas, criativas e cheias de encantamento em seus tablets; do mesmo modo que desejamos que os jovens tenham acesso a bons Laboratórios de Ciências e façam suas descobertas práticas, igualmente queremos que eles possam vivenciar uma experiência coletiva de resolução de problemas, agindo cooperativamente, trocando informações em tempo real com outros jovens em diversos lugares do mundo, de maneira que a soma destes diferentes pontos de vista possa trazer um resultado mais profícuo para determinada questão. Do mesmo jeito, acreditamos que os melhores professores muitas vezes têm dificuldade de conseguir perceber o processo de cada estudante, e ficam restritos aos seus resultados. Claramente aqui a tecnologia tem hoje inúmeros recursos que possibilitam aos profissionais saber os caminhos e as hipóteses levantadas pelos educandos e, consequentemente, auxiliar na criação de estratégias específicas que venham a favorecer seus processos de produção e de apropriação de conhecimento. Bem, isso para não entrar em argumentos ligados ao prazer, à ludicidade etc. que a tecnologia pode ajudar a trazer para as propostas educativas.

Esse assunto também foi abordado por Terry Heick, educador especializado em desenvolvimento social por meio de inovações no ensino, em entrevista concedida por e-mail [leia em Autoaprendizadoe tecnologia: mistura poderosa]. O autor afirma que cada vez mais cresce a participação da tecnologia e das plataformas digitais no ensino formal, destacando os modelos híbridos, com base no autoaprendizado e na aprendizagem através de jogos e brincadeiras. Enfatiza que, “por meio das brincadeiras, eles [estudantes] são guiados pela curiosidade, imaginação e pela disposição em relação a algum tema conquistada por uma autopercepção”. Mas, mesmo nestes casos, Heick sublinha que o professor tem um papel fundamental nesta interação: “eu adoraria ver os professores terem completo domínio sobre como as pessoas aprendem e sobre os inúmeros modelos de aprendizagem disponíveis, principalmente como resultado da inovação tecnológica”.

Procurando responder à pergunta do título, parece-nos que, no momento atual, a relação entre professores e tecnologia está marcada por uma espécie de disputa de espaço e competência – Professor X Tecnologia. E por que isso está assim? Cremos que, de um lado, as empresas de tecnologia têm constantemente esquecido da relevância deste sujeito-professor no processo pedagógico; e que tem havido uma análise equivocada de que a tecnologia vai prescindir deste sujeito (mesma lógica que defende que os economistas e administradores, sozinhos, vão resolver as mazelas da Educação no mundo). Por outro lado, também percebemos que muitos professores têm resistido às mudanças e sentem-se ameaçados por seu não-saber diante da tecnologia (e de da sapiência de seus estudantes frente à ela!). Nestes casos, não estariam estes professores esquecendo que justamente o nosso não-saber é a maior mola propulsora da busca pelo saber?!

Bendito o momento em que esta relação possa se tornar Professor&Tecnologia – uma via de mão dupla; marcada pela parceira e cooperação... Todos (sobretudo os estudantes!) sairão ganhando!

Torcemos pelo fim das prepotências, dos olhares com pontos de vista únicos, das vozes uníssonas... Pelo fim dos medos de não-saber, afinal, nos ensina a Clarice:

Eu sei muito pouco. Mas tenho a meu favor tudo o que não sei e – por ser um campo virgem – está livre de preconceitos. Tudo o que não sei é minha parte maior e melhor: é a minha largueza. É com ela que eu compreenderia tudo. Tudo o que eu não sei é que constitui minha verdade.” – Clarice Lispector

Bom feriado a tod@s! Até semana que vem! Bjs, Bel e Juli


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