Dia desses recebi de uma de
minhas filhas, a Tatiana, sócia da Benfeitoria, um link que me
levava ao “Photos os Children from around the word with their most prizedpossessions”. O artigo traz fotos muitíssimo interessantes capturadas pelas lentes de
Gabriele Galimberti cujo foco era retratar crianças de diferentes etnias, configurações
familiares, gênero, religiões e classes sociais ao redor do mundo juntamente
com seus mais preciosos bens – seus brinquedos. Claro que além das imagens em
si, despertou-me interesse o fato de serem crianças e, em particular, de poder
explorar sua relação com os brinquedos. Convido-os a admirarem as imagens e,
sem perder sua dimensão estética e poética, também perscrutarem como os
brinquedos em si, os quartos/cômodos e as poses das crianças podem nos levar a
examinar as constituições identitárias deste tantos meninas e meninas,
sobretudo quando procuramos perceber como são construídas as características
relacionadas ao gênero.
No desafio de montar uma
plataforma multimídia com jogos narrativos, toda hora esta questão vem à tona. Como
caracterizar personagens de forma que as crianças criem laços de identificação,
sem reforçar os estereótipos de gênero? Como estruturar as narrativas e as
ações de maneira à criança perceber-se ali inserida, sem fortalecer mais uma
vez os estereótipos de gênero? O senso comum nos remete às meninas com sorrisos
singelos, roupinhas fru-fru e quartos rosa repletos de bonecas; e aos meninos
de cara amarrada, movimentos brutos e ágeis, sempre com bola ou carrinho na mão
– e nosso papel é sempre problematizar isso trazendo outros modos possíveis de ser
e agir como meninos e meninas...
A questão da identidade leva-me
permanente à questão da autoria também. E neste sentido, partilho uma reflexão da Juliana Uggioni, que trabalha comigo no Núcleo Pedagógico da
Xmile:
“Li o artigo “Startups paradesburocratizar ensino conservador”, no qual Vagner de Alencar fala
sobre as startups, que são iniciativas jovens e informais que surgiram como uma
forma de desburocratizar a administração da escola. Uma de suas iniciativas ali
citadas é o Projeto Magia que, com a parceria de algumas escolas particulares
do Rio de Janeiro, tem por desafio transformar alunos de 6 a 10 anos em escritores. Este
projeto estimula a leitura, a escrita e a criatividade dos estudantes.
O que podemos perceber é que cada vez mais surgem projetos e
propostas, salientando como é importante entender que as crianças são autoras
de suas próprias histórias, que seus repertórios são ricos e diferentes um dos
outros… Esta relevância se faz presente na nossa proposta da Xmile, na qual as
crianças participam ativamente na autoria dos games, criando personagens,
roteirizações. E concordamos com a Solange Jobim e Souza quando escreve que “espécie de olhar cinematográfico
que a criança revela, mostra-nos, também, com grande sensibilidade e beleza,
como objetos se tornam para ela um reino de enigmas que podem ser decifrados em
diversas direções”. (In: Infância
e linguagem: Bakhtin, Vygotsky e Benjamin. Campinas, SP: Papirus, 1994, p.
149).”
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