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SÃO TANTOS OS TEMAS IMPORTANTES E INTERESSANTES NA ÁREA... SE NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2012 PROPUS UM RECORTE EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO/ LETRAMENTO, DE SETEMBRO 2012 A FEVEREIRO 2013 A QUESTÃO FOCAL FOI A PRIMEIRA INFÂNCIA. ASSIM SENDO, A PARTIR DE ENTÃO O PAPO VAI SER OUTRO... TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO - PODE? APROVEITEM! =)



terça-feira, 6 de março de 2012

Para que lermos e escrevermos?

Ainda na nossa primeira enquete sobre questões que favoreceriam o processo de alfabetização/letramento das crianças, 81% dos respondentes aponta que é necessário oferecer experiências cotidianas na escola que mostrem a função social da escrita. Isto é: para que serve ler e escrever?
Em pesquisa que desenvolvi na década de 90 com crianças de um município rural do estado do Rio de Janeiro, a resposta preponderante para essa questão, por parte dos meninos e meninas participantes da investigação era: a gente aprende a ler e escrever para fazer dever/ a gente faz dever para aprender a ler e escrever (!). Isso mostra um pouco o ciclo que muitas vezes acaba se formando na escola, que acaba por se tornar um espaço descolado da vida...
Com perfil de pais não alfabetizados, dedicados basicamente à agricultura e criação de subsistência, aquelas crianças não viam qualquer motivo para ler que não fosse uma “razão escolar” – ler para cumprir as tarefas educativas. Não estavam imersos num mundo eminentemente letrado (ver sobre isso a postagem Imersão no mundo letrado); tampouco percebiam em que aquele processo mudaria suas vidas. Na medida em que a pesquisa ia se desenvolvendo, tentávamos apontar que seria bom saber ler seu contrato de trabalho, assinar seus recibos, conferir sua lista de compras devidas na venda, ler as instruções de aplicação dos agrotóxicos e máquinas de uso cotidiano, saber como evitar envenenamentos e como medicar-se, conhecer os benefícios de seus remédios e seus possíveis efeitos colaterais, poder contar as novidades e saber notícias da família distante... Essas eram apenas algumas práticas de leitura/escrita negadas àquela população que não tinha sido alfabetizada/ letrada. 
Encarar a leitura/escrita como emancipação do sujeito e, portanto, como direito de tod@s é passo inicial fundamental de qualquer proposta de alfabetização/letramento. Ao estruturarmos um programa de alfabetização/letramento temos que ter em mente que a escola não é apartada da vida; e que sua função não se encerra nela mesma, portanto, nosso desafio como sistema/rede de ensino e/ou como escola é sempre sublinhar a importância do conhecimento para a vida dos sujeitos aprendizes!
(...) [N]o que se refere ao aprendizado da linguagem escrita, a escola possui um papel fundamental e decisivo, sobretudo para as crianças oriundas de famílias de baixa renda e de pouca escolaridade. (...) Esses conhecimentos passam inclusive pela incorporação da valorização social que tem a aquisição do ler e escrever. (...) Não sendo um objeto de uso meramente escolar, as instituições educativas devem, ao trabalhar o processo de alfabetização das crianças, apresentar a escrita de forma contextualizada nos seus diversos usos. (...) Nesse processo, a escola deve considerar a curiosidade, o desejo e o interesse das crianças, utilizando a leitura e a escrita em situações significativas para elas. (MEC/SEB/DPE/COEF. Ensino Fundamental de 9 anos - orientações gerais, 2004, p.20/21).

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