Quem não lembra que nosso ex-presidente Lula volta e meia
recorria a esta expressão, que tornou-se quase um bordão em seus discursos?
Pois dia 20 de março passado estive o dia todo no GEDUC 2013, em SP, por conta
da Xmile Learning, e tudo que eu mais ouvi foi: nunca antes neste país se falou tanto em Educação!
A triste constatação: embora tanto esforço, e inegáveis
progressos, não estamos satisfeitos com o panorama educacional geral. Mudaram os estudantes / mudaram as demandas e
necessidades do mundo contemporâneo – mas pouco mudaram as escolas ou seus
métodos de ensinar-aprender-avaliar.
Lado bom: mais gente se debruçando sobre os problemas e
buscando soluções – e aí uma especificidade: a tecnologia pode ser uma aliada (não uma pílula mágica!)! J
O primeiro palestrante, Angel Dubon Marchelli, de El
Salvador, em sua fala “O desafio está
lançado: como podemos nos inserir na Educação 3.0?”, destaca como primeiro
passo o de perceber como estão estruturadas as sociedades na contemporaneidade,
e assim compreender suas demandas; bem como compreender quem são estes
estudantes, e então descobrir quais são seus saberes, fazeres, modos de ser,
agir e estar no mundo.
Feitos estes mapeamentos, a pergunta que ele nos coloca é:
como transformar a apropriação e a produção do conhecimento destes jovens e
destas crianças de hoje em algo com significação? Para Marchelli, a chave está
no(a)s professore(a)s.
As práticas docentes são extremamente variadas, mas, segundo
o palestrante, as mais bem sucedidas baseiam-se prioritariamente em dois
pontos-chaves:
1) serem focadas nos estudantes e não nos conteúdos
propriamente ditos, ou no desejo do(a) professor(a) – o desafio é conhecer e
compreender cada estudante em particular, suas especificidades sociais,
culturais, econômicas, cognitivas... A ideia é que conhecendo melhor o(a) estudante,
mais facilmente podemos “afetá-lo(a)” – isto é, mais facilmente fazemos com que
os conhecimentos alcem sua esfera afetiva e ganhem significação;
2) serem voltadas à realidade dos grupos,
envolvendo sobretudo questões do interesse daquela comunidade, alavancando o
espírito colaborativo, a busca de soluções para as questões reais e
contextualizadas – o que envolve também tomadas de decisões coletivas (gestão
participativa dos problemas e soluções) e, de novo, a esfera afetiva.
Marchelli corrobora com a ideia de que a tecnologia, por si
só, não é salvacionista, portanto, não basta a simples distribuição de tablets
ou computadores, desconsiderando os contextos ali envolvidos. O palestrante
traz, ainda, um aspecto que me pareceu bem interessante: pesquisas apontam que
a diferença maior de aprendizagem não está entre as crianças sem acesso à
tecnologia versus aquelas com acesso à
tecnologia no âmbito escolar; mas sim, entre aquelas sem acesso versus aquelas que têm acesso fora da
escola! Estas crianças, comparativamente às demais, mostraram ampliada visão de
mundo.
Por que isso? Porque comumente a escola – a despeito de usar, ou não,
estratégias tecnológicas – ainda reproduz práticas pedagógicas que insistem em
apresentar o mesmo conteúdo (selecionado pelo(a) professor(a)), de igual forma,
à todas as crianças. Esta ideia desconsidera que as crianças são diferentes
entre si, provém de experiências singulares, têm conhecimentos distintos, interesses
variados, e suas formas de ver o mundo são plurais – então temos que, diante de
tamanha profusão de possibilidades e conteúdos, e de tal multiplicidade de
canais de comunicação, tentar perceber a forma como cada sujeito pode ser
mobilizado / sensibilizado para apropriar-se criticamente e produzir conhecimentos.
Finaliza afirmando que a soma destas pequenas mudanças e ações individuais é
que geram uma mudança mais ampla e significativa no sistema educacional.
Acompanhem as demais discussões em outras postagens do
BLOG... Em breve!
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