Começo meu dia embalada pela linda música A novidade, de Gilberto Gil:
A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia
Assim muitas vezes
acontece na Educação: as metodologias, propostas, currículos ou atividades “nos
chegam”, como que trazidas pelas ondas do mar... Sem consulta, sem diálogo.
Metade o busto
D'uma deusa Maia
Metade um grande
Rabo de baleia...
D'uma deusa Maia
Metade um grande
Rabo de baleia...
A novidade era o máximo
Do paradoxo
Estendido na areia
Estendido na areia
Independente da qualidade do que estava em curso, as novidades vêm, muitas vezes, substituir o instituído. São sempre milagrosas e prometem resolver facilmente aquilo que se enraíza a cada ano como problema, como a questão do analfabetismo, ou analfabetismo funcional; a evasão; a repetência; a formação d@s professor@s... Entre outras mazelas já velhas conhecidas.
Alguns a desejar
Seus beijos de deusa
Outros a desejar
Seu rabo prá ceia.
Seus beijos de deusa
Outros a desejar
Seu rabo prá ceia.
Aí começa a se desvendar a questão de fundo, que é sempre paradoxal: a
diversidade. Como as novidades, se
uniformes e impostas, podem dar conta de tamanha variedade de demandas, desejos
e singularidades?
Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Pensar globalmente o Brasil é, e sempre será, um desafio. Considerar as diferenças dos pontos de partida, almejando a paridade nos pontos de chegada faz dos percursos processos múltiplos e variados. Respeitar os diferentes ritmos sem escorregar no discursos paternalista que impede a emancipação e mudança de rumos se concretiza com a permanente (e desafiadora) busca da equidade.
E a
novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia
Ali na areia...
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia
Ali na areia...
A
novidade era a guerra
Entre o feliz poeta
E o esfomeado
Estraçalhando
Uma sereia bonita
Despedaçando o sonho
Prá cada lado....
Entre o feliz poeta
E o esfomeado
Estraçalhando
Uma sereia bonita
Despedaçando o sonho
Prá cada lado....
Boas ideias se estilhaçam
no caminho. Experiências exitosas passam despercebidas e se perdem com o tempo.
E novidades estéreis e
inócuas, como modismos, ficam como “o paradoxo estendido na areia”... Aquela
“sereia” traz em si, de um lado, “o busto de uma Deusa maia”, representando o
“sonho” – tudo aquilo que a proposta/método/etc poderia ser/ representar/
oferecer de bom; de outro, “um grande rabo de baleia”, entendido como o
“pesadelo” – algo não tão bom, pois não é capaz de aplacar as necessidades dos “esfomeados”
(visto que entre todas as novidades que nos chegam pelas ondas do mar, ainda
não veio a “pílula mágica”!).
Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total
Será a díade tecnologia-e-educação mais uma sereia a nos hipnotizar com seus (en)cantos e nos levar ao naufrágio?
Vamos acompanhar
algumas postagens sobre isso e abrir este debate?? =)
Nossa próxima postagem será dia 01/03 para começarmos bem o novo mês. Até lá! =)
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