Embora o plano hoje fosse fazer uma postagem sobre os
ambientes formativos, mais precisamente sobre as imagens visuais nos ambientes
escolares, acho importante compartilhar a experiência que vivi (intensamente!)
nos dias 15 e 16 passados, em Brasília/DF.
Fui convidada a fazer uma fala sobre a pesquisa que venho
partilhando com vocês aqui no BLOG no VI
GT Fundamental Brasil – Currículo e Direitos de Aprendizagem e Desenvolvimento
para o Ciclo da Alfabetização, organizado pela Coordenação Geral do Ensino
Fundamental (COEF), da Secretaria de Educação Básica (SEB) do Ministério da
Educação (MEC). O objetivo era que eu fizesse um recorte sobre a “Consolidação
do Ciclo da Alfabetização”: como o Ciclo está implantado no Brasil; que pontos
se mostram mais positivamente instalados; que percursos ainda vão requerer mais
atenção etc. O evento contou com representantes do Conselho Nacional de
Secretários de Educação (CONSED) e das Secretarias Municipais de Educação das
capitais; com as representações estaduais da União dos Dirigentes Municipais de
Educação (UNDIMEs); pesquisadores e convidados, reunindo mais de 120 pessoas no
Centro de Eventos e Treinamento da Confederação Nacional dos Trabalhadores do
Comércio, e pretendeu provocar um debate coletivo dessas diferentes vozes sobre
currículo e direitos de aprendizagem e desenvolvimento para o Ciclo da Alfabetização.
Feita e desfeita a mesa oficial de abertura, Jacqueline Moll
inaugurou a série de conferências com o tema “Educação Integral e o Ciclo da
Alfabetização”, começando por apontar a realidade que todos gostaríamos de já
ter superado: não estamos, ainda em 2012, garantindo igualdade de condições de
acesso e permanência às crianças na Educação Básica – direito assegurado pela
Constituição de 1988. Propõe que, para o enfrentamento desta questão, antes de
tudo, mudemos nosso olhar para os meninas e meninos: que todos possam vê-la(o)s
como sujeitos históricos, sociais e culturais de direito, cidadã(o)s plen(a)os
de potências e saberes. Este olhar vai de encontro com o senso comum construído
ao longo da história, que segrega e elimina do sistema as crianças mais
vulneráveis, alimentando um perverso ciclo de exclusão social.
Jacqueline defende, então, que uma maior permanência na
escola, com oferta de propostas dinâmicas, criativas e variadas, planejadas de
forma a ampliar e qualificar as condições de acesso das crianças aos
conhecimentos científicos, éticos e estéticos – como propõe o Programa Mais
Educação (PME) – seja um dos movimentos que vão ao encontro do Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa (PNAIC). No turno estendido/integral
consolidado no PME, mais facilmente os diferentes campos de saber/ áreas de
conhecimento se entrecruzam, formando um corpus mais orgânico, que busca atuar
junto às crianças em sua inteireza, interferindo, inclusive, em seu rendimento
escolar – não apenas porque também oferece às meninas e meninos atividades de
apoio progressivo, mas em razão de estimular sua capacidade de resolver
conflitos, as desafiar em suas outras potencialidades, fortalecer sua
autoestima e seus laços identitários, entre outros aspectos.
Depois de Jacqueline, Telma Ferraz Leal falou sobre
“Alfabetização como Direito de Aprendizagem”, destacando a pesquisa realizada
que apontou grande influência da perspectiva sociointeracionista nos currículos
analisados, sobretudo tendo Vygotsky como interlocutor privilegiado; bem como
as teorias de gênero de Bakhtin; a perspectiva construtivista de Piaget e os
estudos sobre a psicogênese da língua de Emília Ferreiro – e, ainda, Paulo Freire
como marco inspirador de base. A análise dos dados também apontou a ênfase na
apropriação do sistema alfabético de escrita, e o trabalho de leitura e
produção de textos desde o início do Ciclo. As dimensões de oralidade foram
menos evidenciadas nos documentos analisados, pois houve quem entendesse que
isto não é necessário ser desenvolvido porque as crianças já sabem falar sua
língua materna... L
Telma discorre sobre as tensões e os embates derivados destas
diferentes concepções teóricas/conceituais vigentes nesta área; bem como os
conflitos acerca dos objetos de ensino e as estratégias metodológicas que se
desenvolvem no chão da escola. Defende que é preciso buscar consensos nacionais
a fim de estabelecer princípios e parâmetros sobre os quais as políticas
públicas possam se alicerçar – e que a noção de direitos é um ponto de partida.
A terceira conferência foi com Viviane Pinto, representante
do INEP, mas acredito que melhor será dividir a postagem em partes, de forma
que não fiquem muito longas... Acompanhem!!
Até a próxima 4f! =)
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