A ideia é
que as postagens, a partir de agora, debrucem-se sobre os resultados apontados
na pesquisa realizada. De acordo com a amostragem trabalhada, poder-se-ia
inferir que o Ciclo da Alfabetização está presente em cerca de 65% do
território nacional. Sob o ponto de vista da
divisão regional, destaca-se a implantação do Ciclo da Alfabetização nas
Regiões SE e NE, respectivemente com 75,6% e 72,5% de adoção. Na Região CO o
Ciclo da Alfabetização foi implantado em 50% dos municípios respondentes – próximo
à taxa apresentada da Região S, de 57,3%. Apenas a Região N ainda tem maioria
de municípios sem Ciclo da Alfabetização, uma vez que apenas 39,5% dos
respondentes adota o Ciclo. Mas surpreendente foi que mais de 18% do
total de municípios que não têm Ciclo pensavam ter! Isso aguça o foco para um
problema que antecede as demais análises: a fragilidade na compreensão do que
seja o Ciclo da Alfabetização. Será que você sabe o que é o Ciclo?
No dia 15
de fevereiro, bem no início do BLOG, fiz uma primeira postagem tentando abordar o assunto e, para tal, pedi que a Aricélia Nascimento, Assessora
Técnica em Assuntos Educacionais da Coordenação Geral do Ensino Fundamental do
MEC, mandasse uma pequena contribuição, que reproduzo aqui:
"O ciclo de
alfabetização nos anos iniciais do Ensino Fundamental é um
tempo sequencial de três anos, ou seja, sem interrupções, no qual se
considera, pela complexidade da alfabetização, que raramente as crianças
conseguem construir todos os saberes fundamentais para o domínio da leitura e
da escrita alfabética em apenas 200 (duzentos) dias letivos. No Ciclo concebe-se
que o tempo de 600 (seiscentos) dias letivos é um período necessário para que
seja assegurado a cada criança o direito as aprendizagens básicas da
apropriação da leitura e da escrita; a consolidação de saberes essenciais dessa
apropriação; o desenvolvimento das diversas expressões e o aprendizado de
outros saberes fundamentais das áreas e componentes curriculares, obrigatórios,
estabelecidos nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental
de Nove Anos".
E o que os
municípios disseram em seus questionários sobre isso?
O trabalho referente ao Ciclo da Alfabetização
proporciona às crianças maiores oportunidades em vivenciar situações
específicas de letramento e alfabetização, é um processo de aquisição da
escrita mediado por textos de diversos gêneros em situações reais de leitura e
escrita, tais como ocorrem no seu meio social, ex: leitura de um manual para
montar um brinquedo ou aprender as regras de um jogo. Para tanto, quando ainda
não dominam o código escrito, necessitam de um leitor experiente, no caso, o
professor. Portanto, o ciclo de alfabetização vai além do domínio do código escrito,
pois as crianças vivenciam na escola um ambiente rico em experiências de
leitura e escrita que as motivam a ler e escrever no início do 1º ano do ensino
fundamental os textos que circulam no seu cotidiano. Ao final do 3º ano, além
do domínio da base alfabética da escrita, estarão aptas a produção de pequenos
textos com autonomia [Martinópolis – com ciclo consolidado – SP].
O Ciclo da Alfabetização dá ênfase na
alfabetização, aumenta o tempo pedagógico, proporciona a aprendizagem
significativa, tem como foco a alfabetização/letramento (a linguagem oral,
escrita, produção de textos e a diversidade de gêneros textuais), práticas
inovadoras obedecendo o clico de alfabetização dos 6 aos 8 anos. [Jupi –
com ciclo consolidado – PE].
As principais razões que levaram a
rede de ensino de Amargosa a adotar o Ciclo de Aprendizagem (Ciclo de
Alfabetização) foram: proporcionar a
re-organização curricular, re-significação da avaliação, re-definição dos
tempos e dos espaços escolares, re-olhar para as concepções de conhecimento,
aprendizagem, didática, professor (sujeito do ensino) e aluno (sujeito da
aprendizagem), bem como significativa formação permanente dos educandos e real
gestão democrática da unidade escolar [Amargosa –
com ciclo consolidado – BA].
O trabalho com a alfabetização não se
trata mais de um processo de decodificação de códigos, de reconhecer e
compreender símbolos. Mas sim de um processo de construção de saberes,
explorando um conjunto de práticas que detonam a capacidade de uso de
diferentes tipos de textos. É uma proposta em que se leva em consideração o que
a criança pensa sobre a escrita e o que ela precisa saber para dar forma ao seu
pensamento e evoluir. O contato com o mundo letrado acontece muito antes das
letras, por isso esses conhecimentos trazidos pelos alunos precisam ser
considerados, analisados e aproveitados para servir como base à atuação do
educador [Pinheiral – com ciclo consolidado – RJ].
Assim, grosso modo,
podemos considerar Ciclo da Alfabetização toda a experiência de
alfabetização/letramento que envolve a criança durante seus três primeiros anos
do Ensino Fundamental, de maneira intencional e processual, respeitando os
ritmos de produção de conhecimento de cada educando, sem retenção ou novo nivelamento,
mesmo que nominada de outra forma.
Mas encerro a
postagem de hoje com uma questão: será que a não retenção deve ser um a priori
isolado, ou uma consequência de um trabalho mais amplo no Ciclo? Qual é a
diferença entre a proposta de progressão
continuada intrínseca ao Ciclo, e a aprovação
automática?
Escrevam suas experiências
e posicionem-se nos “comentários” sobre isso... E semana que vem eu trago mais
dados para nosso debate!! =)
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