TEMÁTICAS TRATADAS AQUI

SÃO TANTOS OS TEMAS IMPORTANTES E INTERESSANTES NA ÁREA... SE NO PRIMEIRO SEMESTRE DE 2012 PROPUS UM RECORTE EM TORNO DA ALFABETIZAÇÃO/ LETRAMENTO, DE SETEMBRO 2012 A FEVEREIRO 2013 A QUESTÃO FOCAL FOI A PRIMEIRA INFÂNCIA. ASSIM SENDO, A PARTIR DE ENTÃO O PAPO VAI SER OUTRO... TECNOLOGIA E EDUCAÇÃO - PODE? APROVEITEM! =)



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Tecnologia e educação – canto hipnótico da sereia, ou parceria que veio para ficar?


Começo meu dia embalada pela linda música A novidade, de Gilberto Gil:

A novidade veio dar à praia
Na qualidade rara de sereia

Assim muitas vezes acontece na Educação: as metodologias, propostas, currículos ou atividades “nos chegam”, como que trazidas pelas ondas do mar... Sem consulta, sem diálogo.

Metade o busto
D'uma deusa Maia
Metade um grande
Rabo de baleia...
A novidade era o máximo
Do paradoxo
Estendido na areia

Independente da qualidade do que estava em curso, as novidades vêm, muitas vezes, substituir o instituído. São sempre milagrosas e prometem resolver facilmente aquilo que se enraíza a cada ano como problema, como a questão do analfabetismo, ou analfabetismo funcional; a evasão; a repetência; a formação d@s professor@s... Entre outras mazelas já velhas conhecidas.

Alguns a desejar
Seus beijos de deusa
Outros a desejar
Seu rabo prá ceia.

Aí começa a se desvendar a questão de fundo, que é sempre paradoxal: a diversidade. Como as novidades, se uniformes e impostas, podem dar conta de tamanha variedade de demandas, desejos e singularidades?

Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total

Pensar globalmente o Brasil é, e sempre será, um desafio. Considerar as diferenças dos pontos de partida, almejando a paridade nos pontos de chegada faz dos percursos processos múltiplos e variados. Respeitar os diferentes ritmos sem escorregar no discursos paternalista que impede a emancipação e mudança de rumos se concretiza com a permanente (e desafiadora) busca da equidade.

E a novidade que seria um sonho
O milagre risonho da sereia
Virava um pesadelo tão medonho
Ali naquela praia
Ali na areia...
A novidade era a guerra
Entre o feliz poeta
E o esfomeado
Estraçalhando
Uma sereia bonita
Despedaçando o sonho
Prá cada lado....

Boas ideias se estilhaçam no caminho. Experiências exitosas passam despercebidas e se perdem com o tempo. E novidades estéreis e inócuas, como modismos, ficam como “o paradoxo estendido na areia”... Aquela “sereia” traz em si, de um lado, “o busto de uma Deusa maia”, representando o “sonho” – tudo aquilo que a proposta/método/etc poderia ser/ representar/ oferecer de bom; de outro, “um grande rabo de baleia”, entendido como o “pesadelo” – algo não tão bom, pois não é capaz de aplacar as necessidades dos “esfomeados” (visto que entre todas as novidades que nos chegam pelas ondas do mar, ainda não veio a “pílula mágica”!).

Oh! Mundo tão desigual
Tudo é tão desigual
Oh! De um lado esse carnaval
De outro a fome total

Será a díade tecnologia-e-educação mais uma sereia a nos hipnotizar com seus (en)cantos e nos levar ao naufrágio?
Vamos acompanhar algumas postagens sobre isso e abrir este debate?? =)
Nossa próxima postagem será dia 01/03 para começarmos bem o novo mês. Até lá! =)

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Ainda pensando sobre os meios e os fins...


Na 2f passada, postei um comentário sobre a necessidade de focar nos fins e não deixar que os meios dispersem isso... Se ali me centrei no exemplo ligado à tecnologia (por que será, hein, minha gente?), agora trago um exemplo observado em sala – no ambiente físico de um espaço de educação infantil.
Certa vez, observando o planejamento de uma turma de crianças de 4 anos, vi que a professora pretendia trabalhar com a classificação de dois atributos. Ela imaginou ampliar as opções das crianças, de forma a favorecer aquelas que por ventura pudessem perceber mais atributos. Assim, organizaria triângulos e círculos, vermelhos e azuis, grandes e pequenos. E distribuiria folhas para as crianças arrumarem as peças em duas “casinhas” (esperando que iriam fazer isso por cor, por forma, ou por tamanho) – as crianças que quisessem poderiam fazer “mais casinhas” e assim organizar de maneiras diferentes. Até aí, beleza. Quando nos encontramos depois e perguntei como transcorrera a sua proposta, ela me contou, preocupada, que tinha sido MUITO difícil para o grupo todo – e que só reconheceram as cores. Foi então que eu vi o material.
O que aconteceu? Exatamente para “apimentar” mais a coisa toda, ela achou boa ideia ainda trabalhar a coordenação motora fina e, ao invés de distribuir as peças triangulares e circulares, grandes e pequenas, vermelhas e azuis, ela deu papeis com as formas desenhadas para que cada criança as recortasse! Pronto! Os recortes indecifráveis fizeram com que o material a ser classificado mantivesse apenas o atributo cor intacto – os demais se perderam. Em suma, mais uma vez, o “meio” atrapalhou o “fim”.
Portanto, planejar uma ação-desafio para meninos e meninas requer que tenhamos claros os objetivos finais daquilo – e que pensemos em formas de fazer isso ser bacana, desafiador etc., sem permitir que os meios lúdicos e prazerosos por nós eleitos; ou que nossa ansiedade por “dificultar mais um pouquinho”, atrapalhem os fins pedagógicos primeiros.
Dia 27 tem mais postagem... Fiquem de olho! Bom final de semana! =) 

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Os meios e os fins... Como conciliá-los?


A pergunta poderia parecer totalmente inapropriada numa primeira leitura: quem confunde fins e meios?? Mas vejam que coisa interessante estávamos discutindo dias desses na equipe da Xmile...
Se quero que as crianças produzam conhecimento acerca de pequeno-médio-grande, por exemplo, como pensar num jogo-desafio para isso? Ah! Super fácil! O(a) personagem Y estaria, por exemplo, diante de uma esteira de malas do aeroporto, tendo que escolher pegar sua própria mala – que seria a pequena, a média ou a grande. Mas isso parece muuuiiitttooo sem graça num game! Então, podemos fazer a esteira andar... E a criança tem que ter certa destreza no mouse para conseguir pegar a mala; e ainda podemos colocar uma contagem de tempo e as malas “desaparecerem” da esteira caso a criança não a alcance. Hummm... Por que não incrementar mais? Ao invés de ser a(o) personagem pegando, poderia ser o guindaste externo... Então a criança teria que saber fazer o guindaste funcionar verticalmente para cima e para baixo, e horizontalmente para frente e para trás) e, uma vez eleita a mala correta (a pequena, a média ou a grande), elas estariam numa esteira que também se move (novamente na horizontal, para a direita ou esquerda) e em certa velocidade, num determinado espaço de tempo. Ah! Agora sim me parece interessante e bastante desafiador! ... Será??!! :P 
Vejamos o que está em jogo: queremos favorecer que a criança descubra/consolide os conceitos de pequeno, médio e grande, certo? Se ela não consegue completar o jogo em tempo hábil e as malas “somem” da tela, posso afirmar que ela não internalizou/consolidou estes conceitos-focais (fins)? Ou que pode ter tido dificuldade em manipular o guindaste, em sintonia com a esteira e, ainda, num tempo espremido (meios)??
MUITOS dos jogos de internet por nós analisados caem nessa “pegadinha”... Na ânsia de serem “interessantes” às crianças, acabam priorizando os “meios” e não os “fins” pedagógicos. Corroboram para que as crianças façam “correndo” e “de qualquer maneira”, na tentativa de acertar mais do que errar – justamente estimulando atitudes OPOSTAS àquelas que gostaríamos que elas tivessem diante do conhecimento. Como educador@s, o que queremos é que meninos e meninas se detenham diante de desafios, analisem os diversos caminhos e façam a melhor opção... Com calma, lógica, associação de ideias, recorrendo às experiências/vivências/conhecimentos anteriores. E não por ensaio-e-erro apenas, ou na base da “sorte”.
E como fazer isso e ser também lúdico, interessante, desafiador e prazeroso?! Aí já é outra história... Aguardem e verão! =)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

O olhar do outro


E aí, galera? Curtiram muito o carnaval?! =)
Cá estamos de volta... Estar envolvidas num projeto de plataforma de e-learning desde sua origem, ter de criar suas bases filosóficas e todo o seu funcionamento tem sido um desafio muitíssimo intenso e interessante. Nesta hora, a interdisciplinaridade da equipe, as trocas constantes entre as diferentes áreas da empresa e a multiplicidade de pontos de vista, enriquece muito o produto que ali vem se desenvolvendo. Aí, ao nos depararmos com a matéria de Francis Pisani Diásporas criativas 2: o papel dos ‘estrangeiros’ na inovação –, não resistimos a partilhar nossos comentários com vcs! :)
No artigo, Pisani descreve vários encontros que teve com pessoas ligadas a inovações tecnológicas, passando pelo sudeste asiático e China, especificamente por Saigon, Manilha, Cingapura, Hong Kong. Ele destaca que encontrou gente oriunda de outras partes do mundo nesses lugares, e o que elas tinham em comum era a determinação de tentar resolver os problemas locais e/ou aproveitar as oportunidades que eles ofereciam.  Essas pessoas foram chamadas, pelo repórter, de “expatriados” – jovens empreendedores que só retornam aos seus países depois de estudarem no exterior; e "retornados", acabam beneficiando-os com a experiência vivida. Além de citar exemplos de empresas renomadas na área de inovação tecnológica, também apresenta estatísticas. Segundo a matéria, qualquer que seja a experiência ou bagagem cultural, o papel do estrangeiro é muito importante, tanto para o país que o abriga, quanto para seu país de origem. E Pisani explica isso devido ao fato de que "os imigrantes contribuem, ao participar dessas empreitadas, com a diversidade indispensável a produzir um clima propício à inovação. Constituem pontes naturais entre redes distintas, que contribuem para o enriquecimento".
A matéria não cita exemplos de inovações educacionais, mas cabe aqui destacar que está em voga cada vez mais a tecnologia em diálogo com a educação. E, da mesma forma que muitos dos jovens empreendedores brasileiros com destaque nesta área também estudaram fora do país e voltaram com uma visão mais inovadora sobre tecnologia educacional, hoje temos acesso direto a incontáveis exemplos externos através de sites, games, plataformas... Como profissionais, temos procurado nos apropriar ao máximo destes diferentes “olhares estrangeiros”, de forma a construir algo novo, nosso, singular, mas que não seja fechado num universo limitado. O que nos interessa aqui não é jamais desmerecer nosso país e as oportunidades aqui desenvolvidas, mas crescer dentro desse deslocamento intelectual e produtivo. É essa compreensão de um universo mais amplo e plural que a web tem favorecida a cada dia – é a ideia de a tecnologia poder abrir mais portas. Nas palavras de Stuart Hall, em seu livro Da diáspora – identidades e mediações (Belo Horizonte: Editora UFMG, 2002. p. 47), “[e]sse é o caminho da ‘diáspora’, que é a trajetória de um povo moderno e de uma cultura moderna”. 
E “vamos que vamos”! Bjs, Bel e Juli

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O que precisamos para que a inovação tecnológica seja uma realidade na sala de aula brasileira?


Na mesma linha da postagem anterior, Juliana se debruçou sobre a reportagem de Bruno Ferrari – A inovação não sobrevive sem apoio político – na Exame.com, de 30/01/2013, cujo título já aponta para uma resposta à questão que colocamos nesta postagem...

A matéria é baseada na entrevista concedida por William H. Janeway, autor americano do livro Doing Capitalism in the Innovation Economy: Markets, Speculation and the State. Ele acredita que o Estado pode exercer um papel positivo no desenvolvimento da inovação ao investir e apoiar as empresas dedicadas à pesquisa e à produção novas tecnologias. Além disso, o autor também destaca a especulação como um fator importante para o incentivo do desenvolvimento de tecnologias inovadoras, pois a inovação traz grandes oportunidades econômicas para o investidor, mas estas podem demorar a ser quantificáveis. E, ainda, aponta que para fomentar a inovação, os países precisam dar legitimidade política aos programas de investimento do Estado para eles serem concluídos... E encerra destacando: “a inovação não sobrevive sem amplo apoio político”. 

Uma das questões que nos interessa aqui é dizer deste apoio e do investimento do governo brasileiro na área. Na época em que Gilberto Gil foi Ministro da Cultura (jan 2003-julho 2008), vivemos uma verdadeira cruzada pela alfabetização digital no país. Inúmeros editais foram abertos a fim de contemplar e apoiar projetos da área cultural com ênfase na dimensão virtual. Esse movimento não era só na Cultura – o Ministério da Ciência e Tecnologia também impulsionou este aspecto, cunhando a famosa expressão CT&I (Ciência, Tecnologia e Inovação). Cabe, ainda, destacar que tivemos, em 2005, aprovada a Lei da Inovação tecnológica (Lei nº. 10.973), a primeira lei brasileira que trata do relacionamento entre Universidades (e Instituições de Pesquisa) e as empresas, possibilitando subvencionar pesquisas da área tecnológica, em empresas.

Embalada por este movimento nacional e mundial, a empresa de e-learning a qual estou ligada – a Xmile – acredita que a pesquisa deva ser a base sobre a qual alicerça seus produtos e inovações. Por isso, nosso Núcleo Pedagógico é composto por pesquisador@s, sempre preocupad@s em estabelecer o diálogo profícuo entre aquilo de mais novo em termos tecnológicos, com a solidez dos preceitos filosóficos e teóricos, e, ainda, com o público alvo direto: estudantes, familiares e profissionais. Acreditamos que estar permanentemente em campo nos dá mais legitimidade e maior sintonia com os desejos e necessidades d@s usuári@s da Plataforma. Estes são passos concretos que damos na direção de tornar a inovação tecnológica uma realidade nas salas de aula brasileiras.

Na sua escola ou rede de ensino, a tecnologia é uma realidade? Partilhe sua experiência conosco! 
Bjs e ótimo carnaval! Bel e Juli

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Repensando as propostas correntes em sala de aula


No mês passado assumi a Direção do Núcleo Pedagógico da Xmile Learning, uma empresa de e-learning que já estará no mercado em 2014. Na minha equipe, trabalha Juliana Uggioni, que foi minha orientanda de Mestrado em SC e está finalizando agora seu Doutorado aqui no RJ. Entre as taaaaannnntttaaass coisas que Juli está fazendo, ela tem garimpado notícias sobre Educação e Tecnologia, lido, feito pequenos releases e comentado à luz das nossas crenças pedagógicas na Xmile. Então, pensei: por que não partilhar isso com @s leitor@s do Repensando Escolas?

Não nos interessa aqui no Blog elogiar, ou criticar as experiências evidenciadas nas reportagens, mas problematizá-las e, a partir delas, pontuar algumas reflexões que julgamos interessantes. Então, lá vai a primeira postagem da área, que pretende ajudar a pensar sobre a importância de repensarmos as propostas metodológicas correntes em salas de aula... A matéria sobre a qual Juli se debruçou foi: “Rio inaugura escola sem salas, turmas ou séries”

Segundo o artigo, o projeto educacional GENTE - Ginásio Experimental de Novas Tecnologias –, iniciativa do governo municipal do Rio de Janeiro, se desenvolverá na escola Municipal André Urani, na Rocinha. A proposta do projeto é fazer uma coisa nova, criar uma escola na qual paredes, lousas, mesas individuais e professores tradicionais não existam mais e, no lugar disso, coexistirão grandes salões, tablets, grupos e mentores.

O modelo proposto de ensino-aprendizagem pretende se consolidar como uma oportunidade na qual o estudante possa ser protagonista do próprio aprendizado, entendendo o processo de ensino-aprendizagem como pessoal, social e contextualizado. Primeiramente participarão os jovens – que estejam entre o 7º. e o 9º. Ano do Ensino Fundamental –, que serão divididos em equipes de seis membros, intitulados de “famílias”, independentemente de sua série de origem. Sendo estas famílias compostas por afinidade e pela escolha dos próprios estudantes, e orientados por mentores da família, ou seja, os professores.

No Projeto GENTE, os estudantes terão jornada integral, com opções de escolha de grupos de estudo de língua estrangeira, robótica, esportes, artes, desenvolvimento de blogs. Para a realização deste Projeto, a inovação tecnológica foi fundamental, pois para garantir que os estudantes tivessem a opção de escolha entre o ambiente real e o virtual, foram distribuídos tablets com acesso a internet.

Também coadunamos com a ideia de que os estudantes sejam protagonistas dos seus próprios aprendizados e preocupa-nos a distância entre aquilo que está sendo comumente oferecido a eles em suas salas de aula versus seus legítimos interesses, seus contextos reais de vida, seus desafios cotidianos. Neste sentido, concordamos que a tecnologia pode, sim, ajudar – pois propicia uma espécie de ensino híbrido – mas ela, por si só, não é suficiente (e podemos perceber que, na maioria dos casos, os sites têm reproduzido, no mundo virtual, exatamente a mesma sistemática – enfadonha e repetitiva – do mundo físico...). Entendemos que o maior desafio de Projetos como este não se centra em sua inovação tecnológica, mas, mais do que isso, em pensar estratégias de inovação pedagógica que, amparadas pela tecnologia, possam mudar a forma de ensinar-aprender. Aí, sim, está a maior revolução que se precisa empreender no campo educacional.

O que você acha sobre isso? Bjs, Bel e Juli